sexta-feira, 23 de março de 2012

Follow The White Rabbit

O primeiro filme da triologia The Matrix estreou em 1999, a que se seguiram duas sequelas (Reloadead e Revolutions). A triologia que se baseia num género ação/ficção científica foi realizada pelos famosos irmãos Andy e Larry Wachowski e conta com as interpretações de Keanu Reeves (Neo ou Mr. Anderson), Laurence Fishburne (Morpheus), Carrie-Anne Moss (Trinity) e Hugo Weaving (Agent Smith). A ação do filme conduz-nos a um futuro em que a Humanidade vive subjugada a uma realidade simulada, criada por máquinas com o intuito de a controlar e pacificar.
O filme é bastante complexo, necessita de mais do que uma visualização para ser bem compreendido porque está cheio de referências a ideias filosóficas, religiosas e literárias. É neste sentido que resolvi fazer este post, o de tentar desvendar um pouco o que está por detrás de todo o conceito do filme.
Um dos aspetos fulcrais do filme é a dictomia realidade/ilusão, o mundo real e o mundo simulado, ilusório em que a maioria da população está inserida. A ideia de que a realidade é radicalmente diferente do que pensamos é ilustrada por Platão na chamada "Alegoria da Caverna": os seres humanos são como escravos que vivem numa caverna, tomando vagas sombras projetadas nas paredes como se fossem realidades últimas, mas de fato são apenas sombras do que é verdadeiramente real, sombras provocadas pela intensidade do sol,e que por nunca terem saido da caverna eles não tem conhecimento disso. A ideia de percepção do que é real a que os humanos estão sujeitos no filme está também relacionada com a teoria de René Descartes "O génio do mal". Descartes fala-nos de uma entidade maligna que tal como no filme, nos manipula os sentidos de forma a que tenhamos a ilusão de que o que cheiramos, vemos e sentimos é real. Mais tarde Descartes veio rebater esta teoria com a teoria do "Cogito" ("Penso logo existo"), afirmando que devemos usar a nossa mente e não os nossos sentidos para obtermos informação acerca do mundo que nos rodeia. Existem ainda outras teorias associadas a esta ideia de mundo ilusório e que o filme explora como a do "Cérebro numa cuba", a ideia de um cérebro retirado de um ser humano e colocado numa espécie de frasco onde é alimentado e mantido vivo.
Uma das influências literárias que o filme sofreu está ligada ao conto infantil Alice no País das Maravilhas. Logo no início vemos uma cena em que Neo é desafiado a seguir um suposto coelho branco e a entrar num mundo diferente daquele que ele imagina e conhece. A dada altura Morpheus diz a Neo que ele deve estar a sentir-se tal e qual Alice entrando pela toca do coelho.
O filme tem muitas outras influências, que dariam para páginas e páginas de texto, se procurarem na internet certamente irão encontrar, para mim estas são as mais óbvias.
Resta-me ainda falar um pouco dos efeitos especiais da triologia que foram um marco e serviram de referência para filmes posteriores. Uma das técnicas da qual foi pioneiro é a chamada de "Bullet time" na qual é usado um movimento de câmara lenta de forma a que o espetador tenha uma visão detalhada do movimento de uma personagem ou objeto num período de tempo extremamente curto.
O filme teve um sucesso tão grande que deu origem a comic books, video-jogos e curtas de animação (Animatrix). Lembro-me de sair do cinema um pouco atabalhoada por não ter bem a noção daquilo que me tinha atingido, e dias depois ter ido novamente ao cinema para uma nova visualização.









Trailer do filme



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